domingo, 12 de outubro de 2014



olhar pela janela da varanda e ver as luzes dos carros, na noite que nos atravessa. há uns tempos, antes das luzes, estavas tu. esfumaçavas lá fora enquanto olhavas para mim com orgulho pelo que tínhamos conquistado. eu sorria, achava-te meio tonto e tu desenhavas um coração com o vapor que saía da tua boca.
boca que eu esperava que chegasse ao pé de mim; braços que eu esperava que me agarrassem com tanta força quanto a necessária no caso de o Mundo acabar... e éramos eternos. (se calhar porque tínhamos medo de não o sermos).
e foi assim, sem surpresas, que chegamos ao hoje. que me consome. pela bolha em que vives e que te transformou num ser que não conheço. que não me respeita. que não se respeita. que não respeita ninguém. mas que acredita, piamente, que a expressão "última Coca-Cola do deserto" foi inventada a pensar em si.
é aí que eu entro... por saber, de perto, que não o és. os amigos, sabes, acham sempre que somos perfeitos. porque são nossos amigos, gostam de nós e incentivam-nos a continuar. é o papel deles. mas eu fui mais: eu segui-te de perto. dormi contigo. chorei contigo. tive o pior de ti. e (quero acreditar)...o melhor também. (quero acreditar) que nos tornamos um de um jeito diferente. queria acredita que tinhas mudado por mim e que ainda te podia mudar mais. para nos encontrarmos lá à frente de um jeito bom, sabes?
perdemos o caminho. eu afastei-me para pensar e tu, precisamente por pensares, voltaste ao que eras. bom, a verdade é que não te conheci antes de entrar na tua vida com lugar de destaque. não hesitaste... sabes, é engraçado! eu sempre fui contra tudo e todos para te defender e para provar que não eras como alguns diziam e outros desconfiavam. e tu foste contra a parede. com tanta força! e provaste a toda a gente que tinham razão e eu não.
foste o meu porto de abrigo e isso ninguém te tira. ainda que me pareça, agora, tudo mentira. ainda que te ponhas sempre em primeiro lugar e só penses em ti.
a verdade é que podíamos ter sido tudo. e no fim das contas feitas... podíamos dar a mão com tanta força e fazer toda a gente acreditar que: "nós somos diferentes. mas somos diferentes de um jeito perfeito".

Sem comentários: