terça-feira, 6 de outubro de 2009

Amália é Portugal. Portugal é Fado.

Senti-lhe o gosto pela voz um pouco rouca e tão carregada de vida, de gentes, de locais. Arrepiei-me. Ao ouvir, vi-me. Vi a minha família, os meus amigos, os bairros de Lisboa, o pôr-do-sol em Alfama e senti as pedras da calçada. Os cheiros. As casas de fado. A Amália deu-me a conhecer Portugal. Um Portugal que eu desconhecia. Um povo que sente, chora, sofre, mas que tem muita esperança e fé. Apresentava, assim, Portugal:





Mostrou a estranha forma de vida que temos. Levou Portugal mais além. Dez anos após o seu desaparecimento é recordada com saudade. Uma palavra tão nossa e que o seu rosto tão bem expressava. Deixo aqui uma das minhas favoritas:





Tenho de lhe agradecer eternamente o facto de me ter mostrado mundos novos. Foi graças a ela e por ela que fui ver o meu primeiro musical. "Amália". Genial. Um ser humano tão genial que roçava, para mim, o transcendente. E, ao mesmo tempo, tão simples. Tão agarrada aos prazeres terrenos... ao vício das compras dos sapatos, dos vestidos, ao vício do tabaco, até ao mais ternurento dos vícios, o roubar, delicadamente, flores.

Por ser tão especial e tão única é, hoje, recordada, relembrada e homenageada...assim:





Depois dela, nada foi igual. Não ouvia fado sem sair dela. Até ao dia em que me voltei a apaixonar e deixei que Ana Moura entrasse na minha vida. E não mais sairá.





Nasce, hoje, a primeira emissora nacional de fado. Será lançada em Lisboa e morará aqui. Obrigada Amália. Obrigada. Tu és Portugal. Portugal é o teu Fado.

Conversas de rua.

Em pleno regresso a casa, ouvi um trecho de uma conversa entre dois homens. Um dizia que tinha ido ao médico, há tempos, por causa de umas dores no braço e que lhe tinha sido receitado um determinado tipo de medicamento. Passado alguns tempos, regressou ao consultório porque teve outra dor, desta feita na cabeça. Foi-lhe receitado novo remédio, diferente do último. O senhor, genialmente, concluiu:

- Mas se o remédio é tudo p'ra mesma coisa, p'ra dor, porque é que ele não passa sempre o mesmo?

Lá está. Diz quem sabe que cada parte do nosso corpo tem características diferentes e que, por isso, os tratamentos têm de estar em conformidade com esse aspecto. Mas não sou quem o diz. São eles.