terça-feira, 27 de setembro de 2011

algures à noite.

conferia uma leveza às coisas sem fazer por isso. às vezes podia parecer contraditório dado que ele era, apesar de tudo, um homem duro e com um rosto tão carregado pela guerra, como pela família que trazia em ombros. 
era um homem de respeito e que não permitia que as coisas saíssem do lugar. o certo era sempre certo e o errado correspondia sempre ao errado. não se misturavam, não se confundiam... estava tudo muito bem definido. 
ela sabia o que não fazer para manter uma relação saudável com ele. embora, não raras vezes, pisasse o risco. e, ao que parece, chegou mesmo a tentar ir mais além. mas ele estava lá e não permitiu. era duro com os fracos e era assim que tinha de ser.
era o porto de abrigo da família. e o porto seguro, também, uma vez que todos sabiam que enquanto ele estivesse as peças estariam todas no lugar. engraçado como a guerra - que lhe foi difícil de aguentar - não fez com que perdesse a alegria de viver ou com que se tornasse ríspido e amargo com os demais. engraçado como tinha sempre vontade de pregar partidas e como o fazia sempre de um modo inteligente e não corriqueiro. era único, original e divertido. era também muito distraído. perdia o controlo das coisas em 5 segundos. aconteceu-lhe muito isso com a neta mais velha. irrequieta e com vontade de fazer-mais-isto-e-mais-aquilo, mudava de lugares com muita perspicácia. e ele perdia-a. e depois a mulher ficava em ânsias "meu Deus, Lino! não sabes da menina?" 
ele podia perdê-la de vista por uns instantes, mas jamais a perdia do coração. ainda hoje consta que o orgulho que têm um no outro é de uma tal dimensão que não há céu que os separe ou os faça esquecer tudo o que viveram juntos.
era assim o meu avô.

domingo, 25 de setembro de 2011

ode aos dias que correm.

"se me voltas a ligar hoje, não te atendo mais e faço de conta que não te conheço quando passares na rua" grunhiu como quem quer ferir.
ela optou por não o voltar a fazer. também, depois daquela ameaça! mas queria tanto voltar a falar com ele. mais do que isso, precisava vê-lo. senti-lo. será que ele ainda não tinha percebido? 
naquela noite em que se encontraram, tudo tinha sido intenso. mesmo sem o tudo ter acontecido. ela sentiu um à vontade tal com ele que era capaz de lhe confiar a vida, ainda que mal o conhecesse.
decidiu, portanto, esperá-lo à saída do trabalho. sabia onde era! merda! não se lembrava do horário que ele cumpria naquela semana... mas ia na mesma.
ela era assim: determinada e tão segura de si, que parecia sempre o homem das relações; pelo contrário, ele, era inseguro. e andava especialmente inseguro naquela altura.
ela teve um pressentimento. alguma coisa estava errada. seria ele casado? teria um compromisso sério e assumido com alguém? então... o que significara aquele beijo na despedida?não podia ser, não fazia sentido! porque para as mulheres tudo tem de ter uma lógica e tudo tem de fazer sentido. e quando tal não acontece... é... é como se construíssem um puzzle e o cão tivesse engolido duas peças... no mínimo!
do lado dele... a cabeça estava tão desarrumada e fora do lugar que parecia ter apanhado com um piano em cima. já via mais teclas pretas, do que brancas e até se considerava uma pessoa decidida. está bem, no que dizia respeito às relações sentimentais nem sempre se sentia confortável, mas nunca havia percebido completamente porquê... caramba, já tinha tido tantas namoradas! como era possível daquela vez estar tão balançado?
um não sabia o que se passava na cabeça do outro. no fundo, quem estava de fora tinha a certeza de que nem sequer sabiam o que se passava nas próprias cabeças!
ela estava decidida, apesar de tudo! ele... ele só não percebia porque é que se lembrava tantas vezes do colega de trabalho que casado e possuía  uns abdominais muito definidos.

sábado, 24 de setembro de 2011

para dares e receberes o melhor.



a partir de amanhã, dá o teu melhor. a partir de amanhã, quero que te aconteça o melhor.

sábado, 10 de setembro de 2011

conseguimos :)


o documentário "José & Pilar" vai mesmo aos Óscares!!! :) podem saber mais aqui.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

fitas.

talvez este venha a ser o mais pessoal dos testemunhos. talvez por isso "ela" opte por rejeitar o uso da 3a pessoa do singular e queira assumir-se. 

desde que completei a minha licenciatura que elas me acompanham. e já viajaram (quase tanto) como eu. 

estão lá todos os que realmente importam. e, sempre que me vejo aflita por ter de fazer algumas caminhadas sozinha, ou sempre que estou mega feliz, é a elas que recorro. relembram-me quem sou, as minhas raízes e quem eu amo e me ama. estão lá todinhos. mesmo aqueles que já não estão por perto: 

- o avô da minha vida. aquele que, embora não tivesse concordado com a profissão que escolhi, acabaria por ser o maior fã e o maior babado sempre a que assistia a uma conquista minha. ele tinha tanto orgulho em mim, como eu nele. tanto que, por vezes, transborda o coração! acabei por perceber, mais tarde e da pior forma, que era também o pilar da família. havia quem estivesse a passar a fronteira onde surge o sinal "demasiado sem escrúpulos" e, foi só surgir a oportunidade para o fazerem com e à vontade. enquanto pode, o avô não deixava. zangava-se e punha tudo na ordem. por isso, e por incrível que pareça, senti que alguns deram o "grito do ipiranga" quando um dos piores dias da minha vida aconteceu. não consigo perceber como é que ainda não me acordaram...
- ela foi a melhor amiga que alguma vez tive. amava-me e eu sentia-me completamente protegida, apesar dos seus poucos centímetros. e, também ela, com a pata mais fofinha que este Mundo já viu, teve o seu espaço numa das fitas. e acompanhou-me sempre. e sentia quando eu estava triste e encostava-se a mim e dava-me beijinhos; e sentia quando eu estava contente e, com igual lealdade, repetia o ritual. e saltava 3 metros de cada vez que me via chegar e queria logo, logo que brincasse com ela. foi a princesa mais real que já tive. e aquela por quem dei o mais profundo grito de dor que não há caracteres que formem palavras suficientemente fortes para o descrever;
- curiosamente... depois destes acontecimentos, a vez em que acorri mais aflita às fitas foi quando soube que te vais casar. não porque não te deseje o melhor do Mundo, mas porque não consigo entender como é que se explica que és um caso mais do que arrumado e que só te quero mais-do-que-bem sem me lançarem olhares do tipo "és tu e era o Bin Laden! terrorista!". e é ridículo porque não podemos falar. e é ridículo porque não posso, simplesmente, dar-vos um mega abracinho e desejar-vos tudo o que de melhor esta vida tem. ainda não acredito que te vais casar!!! ahhhh!! tão lindo!:) 

confesso que chorei. chorei muito agarrada às fitas que vocês me escreveram e que sinto estarem cheias de amor, amizade e boas energias. porque já não posso ter dois e já não posso ter o outro. de maneiras diferentes e sem comparar a importância de cada um. mas, caramba, são perdas. e roem por dentro. principalmente no escuro da noite,  quando a cabeça está pousada na almofada e a casa está em silêncio. e tudo o que mais quero é recuperar-vos.
vida, sei que a tua missão é testar-nos. mas há testes que doem como a merda. e não me venhas com fitas, porque isto não é fita!

sábado, 3 de setembro de 2011

26 anos.


há 26 anos tornou-se oficial. e tenho para mim que hoje ainda gostam mais um do outro do que quando começaram. já não existem amores assim. mas eles são um modelo para mim. falo-vos, claro, dos meus papis. e esta música e esta banda é deles. "still loving you". para os MELHORES papis do Mundo <3