sexta-feira, 26 de novembro de 2010

RCP


ouvia como se fosse o instinto a mandar. nem sequer era de lá, era de perto. na altura morava onde nasci, em Marco de Canaveses, e nada me ligava a Penafiel a não ser a proximidade geográfica.
no entanto, um dia, ao passear pelas frequências da rádio fiquei lá. não percebi bem porquê, mas fiquei presa. a partir dali começou a ser habitual. os nomes dos locutores, os programas e o "som" característico de cada rádio. aquela tinha. e eu ficava-me. e falava dela.
anos volvidos, terminei o meu curso. fiz o meu estágio em TV e depois de o acabar (passado poucos meses) fui contactada PELA rádio. falo-vos da Rádio Clube de Penafiel. fui à entrevista. passei as várias estapas e, quando dei por mim, estava lá. estava a trabalhar na rádio que ouvia desde miúda! nunca pensei...
uma rádio local, uma rádio pequena, é certo, mas onde se aprende imenso! onde o ambiente é mesmo familiar e onde cada jornalista/animador/funcionário é tido em conta enquanto ser humano. onde as pessoas se preocupam...MESMO!
onde cada ouvinte valoriza MESMO tudo o que é dito; onde cada entrevistado tem MESMO orgulho em participar. "é a rádio da terra". é o que lhes está próximo. é onde podem ouvir o vizinho, o seu presidente da junta, da câmara e podem (até) ouvir falar das suas ruas!!
são os "pés no chão" de um país que anda com a cabeça nas nuvens.
já passou um ano e, entretanto, o meu caminho está a ser trilhado noutro lado. mas não posso deixar de fazer um apelo: NÃO DEIXEM AS RÁDIOS LOCAIS MORRER!!! OUÇAM A RCP!!!

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

sem título.

sabes hoje faltaste-me. não soube de ti todo o dia. e pensei em ti o dia todo.

queria dizer-te que as pessoas estão más: falam torto, não respeitam opiniões e o umbigo de cada um é tema central de risadas e de jogatanas nos cafés.

já não há o todo. o trabalho de equipa. o “bom dia” acompanhado do sorriso mais puro. aqui para nós, acho que o que lhes faz falta é o som dos passos de uma criança a correr; o som da água a passar por entre as rochas; o fazer castelos de areia e ficar com as mãos muito sujas; o alívio de deitar a cabeça num colo que os proteja; o prazer de ouvir o pai ou a mãe dizer “boa noite. Dorme bem” e desligar a luz.

e se se lembrassem que qualquer um de nós pode não acordar amanhã?? e que um acto de má fé, uma palavra cortante, fria e dura pode ficar para sempre a pesar na consciência??

sabes, tenho a certeza que seriam todos mais felizes se tivessem isto em conta. e estou quase, quase, quase, certa disso.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

amizade na crise

não o vou negar e nem quero que me censurem. sou de amizades fáceis, é um facto. não posso ver um qualquer ser a aproximar-se de mim que logo me encho de compaixão pelo próximo. não é um defeito, prefiro acreditar que é feitio.(ainda que, por vezes, tropece, “acreditar” é a palavra-chave).

ainda que, por vezes, muitos daqueles em quem mais confio se vão embora ou estejam longe; ainda que, muitas vezes, confie e depois seja “traída”. Acontece a todos e o meu karma não será, evidentemente, diferente do vosso.

vivemos em tempo de “vai-e-leva”. o raio da crise afecta-nos muito mais do que em termos financeiros. para mim, o aspecto social é o que fica mais machucado. a crise faz com que todos andemos num profundo stress, como se fôssemos bombas-relógio prontas a explodir em qualquer momento;

a crise é desculpa para tudo: para estarmos sozinhos e para estarmos acompanhados. ora queremos estar sozinhos porque não nos apetece ir ao café ou a outro sítio onde sabemos que é certo, certinho, que vamos despender uma qualquer maquia; ora queremos estar acompanhados porque se formos jantar com companhia não só nos livramos da solidão, como dividimos a conta;

é na crise que percebemos quem são os nossos amigos: aqueles a quem não precisamos de dar uma única palavra para nos perguntarem se queremos boleia para a estação para pouparmos no tempo/ dinheiro do táxi; aqueles que, mesmo com dificuldades, fazem o “gesto do Zé Povinho” e juntam o necessário para nos virem visitar…só porque sim!

mas é também a crise que nos obriga a sermos tão poupados, mas tão poupados, que chegamos ao ponto de poupar, também, nas palavras e nos esquecermos de dizer a estas pessoas o quão importantes são para nós. fica aqui o meu testemunho. da verdadeira amizade na crise.