sábado, 29 de outubro de 2011

ilusionismo.

Não sei quem sou.
Parte de mim ficou pelo caminho
(Parece).
Sempre mais simples do que 
Parece.

Há uma prece:
Juntar todas as partes
E construir um mosaico:
De mim, de ti e de quem vier.

Porque nem sempre o frio é frio;
(E nem sempre o quente é quente.)
Porque tu não ficas quando acho que sim
Mas também não vais embora quando penso o mesmo.

Difusa. Confusa. Dispersa.
Obtusa. Oblíqua. Na conversa.

E eu tenho tanto em mim.
Tanto Mundo.
Que é difícil esconder.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

are the dog days over?

algumas palavras no bloco e memórias em flash. nos últimos tempos tinha acontecido tanta coisa que ela tinha a impressão de ter vivido 15 anos em 4 dias. parecia-lhe tudo tão perto e tão distante e o registo, achava, era a única salvação.
não era masoquista e não queria, de todo, gravar factos que doíam, ainda. queria, porém, sentir que, mais tarde, poderia "voltar atrás" e perceber o que não fez sentido. uma espécie de máquina do tempo que o passar dos anos e a maturidade lhe iriam dar.
aprendeu a confiar cegamente e depressa o pôs em questão. voltou atrás, foi para a frente e duvidou. escreveu, pintou e criou com tudo o que trazia dentro dela. e, por fim, decidiu: seria sempre igual. acreditaria mil vezes, ainda que pudesse vir a ter a sensação de ir contra o mesmo poste mil vezes. era assim a sua essência e não fazia sentido ser de outra maneira.
foi graças à crença nas pessoas que conseguiu apoiar quem mais precisava. foi graças à amizade que esteve lá, reviveu, segurou a mão, abraçou e chorou com ela. ultrapassou-se. fez muitas das coisas que não se achava capaz. tudo por uma amizade em que acreditava. 
será assim sempre. por muito que o feminino mude para masculino e aqueles olhos verdes e covinhas a baralhem.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

especial.

ela esperou parte da vida por ele e ele por ela. desconfio que, mesmo antes de nascerem, já sabiam que tinham sido feitos um para o outro. e o destino, incontornável e incontrolável, tratou de tudo. mesma cidade, mesmo prédio, mesmas escolas. e há quem diga que foi ela que deu o primeiro passo, numa certeza tão grande e tão forte que deixou a tradição desarmada: já não fazia sentido ser o homem a cortejar. até mesmo porque a timidez lhe tolhia os movimentos e as borboletas no estômago ficavam mais agitadas de dia para dia.
e assim foram felizes longos anos. mesmo como tinham de ser.ele sempre a sentir que os olhos dela eram o seu porto de abrigo e ela a sentir que o seu abraço era o seu seguro de vida.
porém, certo dia, o destino resolve fazer das suas: e numa maldade atroz, depois de lhes ter dado tanto, resolve tirar-lhes tudo...
e por muito que gostasse de terminar esta história, não consigo. esta é a minha homenagem a uma das pessoas que mais admiro nesta vida.