sábado, 14 de abril de 2012

fui ali.

se perguntarem por mim diz-lhes que tive de ir. estava na hora e estava a acontecer muita coisa que me impedia de ficar mais algum tempo. aconteceu mesmo o que estás a pensar: saí de mim. parei o Mundo, numa tentativa egoísta de me transcender e bloquear tudo o que se passava comigo. porque era tanto! e era tão pouco, afinal. (vim a descobrir mais tarde.)
sabes, um dos meus defeitos é que raramente aproveito o momento. é isso! nunca estou no "aqui e agora"! a minha cabeça está sempre a pensar no que deixei para trás ou no que quero lá mais para a frente. e o agora perde-se! por muito que me esforce há dias em que a mente não acompanha o meu querer. e depois fico assim: sei onde estive, sei como lá cheguei, sei quem fui; sei onde vou, sei como quero ir e sei exactamente quem quero ser. mas nunca sei onde estou. nunca sei como estou a chegar e muito menos quem sou.
o que eu tenho é uma capa que se molda às gentes. para cada tipo de massa humana, uma roupa diferente. "em Roma sê romana" e é o que tento fazer... mas não consigo! quero acreditar que sim, mas o que procuro e o que sinto está-me sempre à flor da pele e não dá para esconder. se as palavras dizem que sim, a minha expressão facial há-de dizer claramente que é não. porque é, afinal, o que me vai na alma; porque é, afinal, quem eu sou. e eu sou muito mais. "sou do tamanho do que vejo e não do tamanho da minha altura". e trago em mim tanta bagagem! tanto Mundo conhecido e tanto Mundo por conhecer que acabo sempre, invariavelmente, por meter os pés pelas mãos. ainda que o não queira. ainda que me arrependa.
como é complexo ser aquilo em que me transformei! como é difuso ser aquilo em que me transformaram! eu sou eu mais o que me fizeram e o que fizeram comigo; eu sou eu mais o que tu és e o que tu fazes (e que eu gosto tanto); eu sou eu mais o que gosto de ti. ainda que o não saiba. ainda que o não sinta.

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