domingo, 20 de junho de 2010

i-m-o-r-t-a-l-i-d-a-d-e

é disto que se fala, meus caros, quando existe habituação. e desde miúda que me habituei a ver certas pessoas por perto ou a ouvir falar nelas. e por esse motivo, quando viajam, há um sentimento de estranheza, tristeza e até mesmo revolta.
desde que nasci que ele sempre esteve lá. ia às minhas festas, aos meus desfiles de Carnaval e estava presente em cada aniversário. é que não falhava um! mais, sempre que me dava na real gana ficava em casa dele. dias ou semanas. conforme os meus pais me deixassem. e não era pêra doce, não senhor, porque eu fazia-lhe trinta por uma linha. mas... ele gostava de mim! amava-me e tinha orgulho em tudo o que eu fazia, daquilo que sou. mesmo quando me mandava levar ovos à minha avó e a meio do caminho eu achava por bem atirá-los contra a porta da garagem. ele arregalava-me os olhos, mas nunca me tocava; ou até quando fingi ter caído ao ribeiro e me escondi atrás da porta da casa-de-banho. os olhos abriram-se numa expressão zangada, achava eu. mas hoje sei que era muito mais do que isso: era o amor da preocupação.
baptizado, todos os Natais, todas as passagens de ano, fins-de-semana, férias pequenas, férias grandes, doença, 1ª comunhão, comunhão solene, desfiles de curso, missa de fim de licenciatura. sempre! toda a minha vida me habituei a tê-lo comigo. e jamais poria em questão que, um dia, tudo isso pudesse acabar.
mas acabou. e acabou quando eu estava no início da realização de um sonho. ele assistiu a esse começo e ficou cheio de orgulho. eu sei. e mesmo quando o sonho foi interrompido, ele esteve sempre comigo. e agora, que o sonho começou de novo, com mais força e mais crer, ele está comigo, eu sei. e sei também que foi e é graças a ele que tudo acontece na minha vida. e por isso não questiono nada. deixo-me ir. porque ele quer o melhor para mim e cabe-me aceitá-lo e retribuir com o mesmo amor, orgulho e força que ele depositava em mim. continuarei a fazê-lo, contra tudo e contra todos. até porque, um dia, nada me vai dar mais orgulho do que dizer-lhe: "conseguimos avô".