segunda-feira, 5 de setembro de 2011

fitas.

talvez este venha a ser o mais pessoal dos testemunhos. talvez por isso "ela" opte por rejeitar o uso da 3a pessoa do singular e queira assumir-se. 

desde que completei a minha licenciatura que elas me acompanham. e já viajaram (quase tanto) como eu. 

estão lá todos os que realmente importam. e, sempre que me vejo aflita por ter de fazer algumas caminhadas sozinha, ou sempre que estou mega feliz, é a elas que recorro. relembram-me quem sou, as minhas raízes e quem eu amo e me ama. estão lá todinhos. mesmo aqueles que já não estão por perto: 

- o avô da minha vida. aquele que, embora não tivesse concordado com a profissão que escolhi, acabaria por ser o maior fã e o maior babado sempre a que assistia a uma conquista minha. ele tinha tanto orgulho em mim, como eu nele. tanto que, por vezes, transborda o coração! acabei por perceber, mais tarde e da pior forma, que era também o pilar da família. havia quem estivesse a passar a fronteira onde surge o sinal "demasiado sem escrúpulos" e, foi só surgir a oportunidade para o fazerem com e à vontade. enquanto pode, o avô não deixava. zangava-se e punha tudo na ordem. por isso, e por incrível que pareça, senti que alguns deram o "grito do ipiranga" quando um dos piores dias da minha vida aconteceu. não consigo perceber como é que ainda não me acordaram...
- ela foi a melhor amiga que alguma vez tive. amava-me e eu sentia-me completamente protegida, apesar dos seus poucos centímetros. e, também ela, com a pata mais fofinha que este Mundo já viu, teve o seu espaço numa das fitas. e acompanhou-me sempre. e sentia quando eu estava triste e encostava-se a mim e dava-me beijinhos; e sentia quando eu estava contente e, com igual lealdade, repetia o ritual. e saltava 3 metros de cada vez que me via chegar e queria logo, logo que brincasse com ela. foi a princesa mais real que já tive. e aquela por quem dei o mais profundo grito de dor que não há caracteres que formem palavras suficientemente fortes para o descrever;
- curiosamente... depois destes acontecimentos, a vez em que acorri mais aflita às fitas foi quando soube que te vais casar. não porque não te deseje o melhor do Mundo, mas porque não consigo entender como é que se explica que és um caso mais do que arrumado e que só te quero mais-do-que-bem sem me lançarem olhares do tipo "és tu e era o Bin Laden! terrorista!". e é ridículo porque não podemos falar. e é ridículo porque não posso, simplesmente, dar-vos um mega abracinho e desejar-vos tudo o que de melhor esta vida tem. ainda não acredito que te vais casar!!! ahhhh!! tão lindo!:) 

confesso que chorei. chorei muito agarrada às fitas que vocês me escreveram e que sinto estarem cheias de amor, amizade e boas energias. porque já não posso ter dois e já não posso ter o outro. de maneiras diferentes e sem comparar a importância de cada um. mas, caramba, são perdas. e roem por dentro. principalmente no escuro da noite,  quando a cabeça está pousada na almofada e a casa está em silêncio. e tudo o que mais quero é recuperar-vos.
vida, sei que a tua missão é testar-nos. mas há testes que doem como a merda. e não me venhas com fitas, porque isto não é fita!

1 comentário:

Liliana M disse...

Sem palavras para descrever o que consegues transmitir!