quarta-feira, 10 de março de 2010

cenas.

Nem sempre há desconforto. Depois de um mês e 18 dias ela sentiu-o. Não o desconforto de estar mal num sítio, de ter uma vontade repentina de voltar para casa, para o sossego da lareira, da TV com a última temporada de "Lost", a cadela a dormir no seu colo e o irmão e os pais no sofá ao lado. Mas o desconforto de não estar com quem a conhece desde miúda ou até um pouco depois disso...resumindo: de quem sabe como tudo começou. De quem sabe as bandas que ela venera, os musicais que estão no seu coração, os cereais que ela adora e, até, de como gosta de ter o quarto e a cama quentes, ou de dormir sem ninguém a perturbar. Um pouco preguiçosa, nesse aspecto. Só gosta que a acordem com um forte motivo. E um forte motivo não é dizerem-lhe às tantas da matina que têm uma barata no quarto e que não conseguem dormir sem ajuda para a matar; ou os vizinhos do andar debaixo tocarem à campainha às 6 da manhã porque querem pão-de-ló; ou, ainda, os mesmos vizinhos terem partido os vidros dos carros todos desde o bar onde estavam até ao prédio e a polícia estar no edifício. "Isso não são motivos fortes", pensava ela.
Hoje não tem esses motivos. Tem outros. Acorda porque tem de ir para o trabalho. Acorda porque tem de limpar a casa. Acorda porque lhe apetece imenso falar com a colega com quem divide o apartamento. Ou, simplesmente, acorda...porque lhe apetece!
E o desconforto foi sentido pela primeira vez, contou-me ela. Tudo porque "estava a apostar que se convivesse mais com um dos colegas a coisa se ia dar". "Mas tu ainda pensas nisso?", pergunto eu. "Claro que sim. Algum dia hei-de acertar". "Mas não será com esse", respondi-lhe, "já viste esse filme e não gostaste. Parte para outra."
Ela fica pensativa... Diz que vai comprar mentos, que não aguenta mais não acertar em quem vale a pena. Vai ao bar. Volta e devora-os em menos de 10 minutos. "Bolas", pensei eu, "já fiz asneiras". Ela continuou pensativa... "Sabes o que é?", interpela-me. "É que eu olho à minha volta e não vejo ninguém interessante. Assim, bonito, com valores, decente e com um cérebro activo. E ele tem isso tudo... Porque raio é que tenho de ter sempre a mira trocada? Devo ter sido muito cabra n'outra vida", concluiu.
E aquilo deixou-me a pensar.

2 comentários:

Isa disse...

Eu sei como ela gosta da chicória. Sei como fica com 1 café e um Magnum... de café!
Sei umas tantas coisas qu me deixam a pensar que no fundo não sei de nada!
Sei que dela muita coisa me faz falta. O sorriso, as covinhas.
Tudo!

Mistious disse...

Ela confirmou-me que ama chicória. Mas apenas quando vem acompanhada do carinho que tantas vezes lhe faz falta.
Quanto à história do magnum de café...diz-me ela que já nem se lembrava. E que são essas pessoas, que sabem mais sobre ela, que mais lhe faltam... :)