sábado, 20 de fevereiro de 2010

que contas teremos para ajustar?

Num Mundo que está ao contrário, que faz do Inverno um quase Verão e do Verão um quase Inverno não são apenas as estações que me fazem reflectir.

Há quem diga que um jornalista não deve ter sentimentos, pois só assim consegue ser objectivo. Não concordo. Um jornalista tem de ter sentimentos e tem de ser humano, não pode é ter escolhas. O sentimento não é uma escolha. É o que faz com o jornalista o seja em pleno, que consiga transmitir tudo o que o rodeia de uma forma simples, clara e tocante.

Ultimamente nós, habitantes do planeta Terra, temos sido constantemente postos à prova. Serão alertas, chamadas de atenção? Primeiro o Haiti e toda a tragédia que lhe foi inerente. Os muitos sismos que não queriam que a população haitiana voltasse à normalidade, o abanar da terra como um puxão de orelhas que os pais dão aos filhos. As mortes. A destruição. Depois dos sismos, a queda de um avião da ajuda humanitária que aumentou o número de mortos. Mais duas vítimas. Uns dias depois, um desabamento numa escola causa a morte de quatro crianças. "Mas isto não é cá. É lá longe.", pensamos nós. Sensibiliza-nos, mas não nos afecta. Continuamos nas nossas vidas e contribuímos das formas que podemos para a reabilitação de um país, de um povo, de muitas vidas. E os portugueses são solidários, lá isso é verdade.

Mas... e quando é aqui ao lado? Quando são pessoas que falam a nossa língua, cantam e sentem o nosso hino? As imagens e os dados da Madeira que me foram chegando no meu turno de trabalho de hoje na SIC foram absolutamente impressionantes. Pelo menos 32 mortos. E é aqui que eu pergunto: que contas teremos para ajustar? Que Deus é este que se diz infinitamente bom e misericordioso? Que Deus é este que nos ensina a perdoar, perdoar, perdoar, mas que teima em castigar o ser humano?

É aqui que tudo fica frágil. Neste ponto. Aqui tão perto.

2 comentários:

1/2Kg de Broa disse...

Ora bem, todos os jornalistas são 'obrigados' por natureza a ter sentimentos. Mas dizes que não podem é fazer escolhas.

O facto de eu ter determinados sentimentos, por si só, já me faz fazer escolhas quando dou determinada notícia. Caso simples: não gosto do presidente do Benfica, não devo fazer escolhas, e portanto devo produzir a notícia sobre ele com idoneidade.
Isso não é o mesmo que esconder os sentimentos? Que acaba por ser o mesmo que ter de dar uma notícia sem deixar interferir os sentimentos.

Criticavam o José Rodrigues dos Santos por se despedir com um piscar de olho e um sorriso, dizendo que ele deveria manter a postura séria do restante telejornal.

Não concordo com os críticos e, sim, no final concordo contigo quando dizes que os jornalistas devem ter sentimentos. Mas acho que devem poder fazer escolhas.

Mistious disse...

Quando falo em "escolhas" refiro-me a escolhas partidárias, clubísticas, etc... Claro que na vida pessoal o jornalista as tem, é um ser humano como qualquer outro, mas no exercício da profissão deve esquecê-las.

De resto, concordo contigo :)

Obrigada por estares sempre atento.
Beijinhos,
CReis