domingo, 4 de novembro de 2012

um dia perfeito para ser perfeito.


chegou um bocado mais tarde do trabalho. até podia ter saído a horas mas, na verdade, como ele não estava, não fez questão.
entrou em casa e naquele domingo - mais do que nunca - foi como se tivessem entrado os dois: preparou o lanche e deitou-se no sofá em frente à televisão para ver um filme. foi buscar uma manta, descalçou-se e, com uma chávena de chá na mão, pôs-se ouvir a chuva a cair. pinga atrás de pinga. estar em casa começava a ter outro sabor. pinga atrás de pinga. estava aberta a época da paz, em que não é preciso muito para se ser plena. pinga atrás de pinga. bastava que no armário não faltassem saquinhos de chá e bolachas.
mas faltou-lhe ele. a mão dele na dela; os sustos que ele lhe prega enquanto ela, na cozinha, prepara refeições para os dois; os abraços que ele lhe dá e que ela acha sempre que não vai sobreviver e vai rebentar por se esmagarem tanto; as gargalhadas e as teorias dele; a cara que ele faz de cada vez que lhe está a contar alguma coisa e ela o interrompe, distraída; o tentarem perceber o motivo de gostarem cada vez mais um do outro.
afinal, começara a ter horário para passar tardes com ele, com a chuva e 4 pés a saírem debaixo da manta. mas... para quê?
o dia era perfeito para ser perfeito. mas não foi. porque ele não estava com ela.

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